sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Viver depois de morrer

Morreste-me.

E contigo uma parte tão grande de mim. Morreste-me e eu não vou beber mais o café com leite e molhar o pão que o padeiro deixava pendurado na porta. Não me sabe ao mesmo. Morreste-me e eu nunca mais vou poder ler Júlio Dinis, que Uma Família Inglesa só teve piada quando a história foi contada por ti. Morreste-me, e o meu coração ainda palpita quando alguém liga àquela hora, ou quando no visor do telemóvel vejo o «teu» número. Morreste-me e eu sei de cor as tuas mãos. Brancas, alvas, sempre geladas, protectoras.

Morreste-me, e ainda assim continuo a viver.

Sabes? Comemorámos o aniversário da B., este ano. E testemunhámos o seu baptismo. Comemorámos também o aniversário do avô. Ele não queria, mas nós insistimos. Ah, ele foi à terra. Não queria ir, mas nós insistimos. E estamos todos bem, e de saúde, não te preocupes com isso, sim? Os meninos não estão doentes, e à hora a que costumavas ligar já estamos todos em casa. O P. continua desempregado, mas há-de arranjar-se. O F. vai ter um menino. Já se sabe. E há-de correr tudo bem com este também. O G. é um menino muito bom, e simpático, e ia gostar tanto das tuas bolachas. Nós damos-lhe, não te preocupes, e à E. também, que ela ainda as pede. O padrinho não teve herpes este ano e fala de ti, descontraidamente. A mãe ainda não pode apanhar sol, e ainda não foi à praia este ano, mas está melhor. E vai ficar boa. E ela fala de ti. Com saudade.

Morreste-nos, mas continuamos vivos, e juntos e unidos e de saúde.

P. S. Há uma variante no pequeno-almoço lá de casa. Café com leite e pão para molhar. Eles ainda não estão habituados, mas hão-de gostar. Não há café da manhã como esse.

Soledade - Saudade

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nirvana da maternidade

Sabemos que estamos prestes a atingi-lo quando o nosso filho mais velho é «apanhado» de manhã a fazer a própria cama, para «teres menos trabalho, mamã», e a nós só nos apetece chorar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço

«Ai, que nunca os vou encher de actividades; ai, que precisam de brincar e não têm tempo para isso hoje em dia, com tanta actividade.»

Aos 5 anos e meio:

- Natação. É um pró naquilo, adora mergulhar, nada que se desunha. Não fosse as restrições climatéricas e ganhava guelras, com toda a certeza.

- Inglês. Ah, e tal é a única actividade da escolinha que «me» faz sentido. Já fazia o ano passado. Ele adora. E conta, e pinta, e brinca.

- Música. Vão estrear-se ambos. É experiência, mas acho que faz todo o sentido, se tivermos em conta o «sentido musical de ambos».

O mais novo só falha o inglês.

Eu sinto-me um autocarro da Carris.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A rainha dos foras

Chegaram as fotos do período da praia, da escolinha.

Procuro, procuro, procuro e onde está o M é a pergunta que se impõe.

Nowhere é a resposta!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

One second they are here, the other they are not

E passei estas férias pelo maior de todos os sustos. (Não com os meus, mas com a filha de uma amiga, que estava connosco.)

E todo o cuidado é, facto, pouco, é tudo o que tenho a dizer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sinceridade, acima de tudo

 - Estou gira, não estou?, pergunto eu, já sempre à espera da resposta típica do mais novo, que me estraga com mimos.

 - Isso não é pijama, pois não, mãe? É roupa, pois é?

:S

quinta-feira, 8 de julho de 2010

9 anos

e o gajo lá de casa, que podia muito bem ser eu, esqueceu-se da data, o que ofendeu a gaja (romântica) lá de casa, que podia muito bem ser o marido, que ainda assim trouxe o habitual e fabuloso ramo de flores.

(Shame, shame, shame)

Irmandades

Os vírus propagaram-se e fiquei em casa à vez com cada um deles. O mais velho gosta da condição filho-único-de-vez-em-quando e aproveita. O mais novo, que nunca soube o que era ser filho único, e que o diz q toda a gente (Eu sou o mais novo, o mano é o mais velho), mais do que não aproveitar os poucos e raros momentos de filho único, não o sabe ser. Depois de um dia inteiro comigo, em que até fomos buscar o irmão cedo, o dito apagou no sofá ao final da tarde, que isto de ser criança e ter que andar na praia e nos passeios com os amigos, recém-recuperado de uma virose, cansa, e de que maneira.

E o mais novo, abeira-se de mim, choroso, 10 minutos depois: Estou t'iste! Não tenho ninguém para brincar comigo!