terça-feira, 28 de abril de 2009

Blogo-dissertações

Tu cá, tu lá é a forma de tratamento no jardim. (Sem o tu que nesta coisa dos tratamentos o que me faz impressão é mesmo o uso da palavra: tu ou você). Ora, mas sou menina observadora e pensadora e tenho esta mania parva de questionar o que se passa à minha volta.

Ouvi este fim-de-semana 2 pais com 3 filhos utilizarem esta forma de tratamento: tu, entre si. Você, com os miúdos. E você, os miúdos entre si. Ora, isto a mim é que me faz um bocadinho de impressão. Vejamos: o casal tratar-se por tu parece-me bem. Os miúdos tratarem os pais por você também aceito. É uma questão pessoal e cada um fará o que entender. Os pais tratarem os miúdos por você aceito, se o que estiver em causa for o exemplo. (Tipo: é assim que se faz), caso contrário não me faz sentido que se tratem os adultos entre si por tu e tratem as crianças por você. E, por último, e aqui é que fiquei mesmo baralhada, as crianças (irmãos) entre si tratarem-se por você parece-me desadequado. Se o que se pretende é estabelecer hierarquias familiares, etárias ou relacionais, não estarão, desta forma a transmitir uma ideia errada? Meaning, os pais são iguais tratam-se por tu, as crianças e os pais estão num nível diferente tratam-se de maneira condizente, mas as crianças (irmãos) não estão todas no mesmo nível? Não estou a colocar em causa as questões de tratamento. Também há diferenciações na minha família e aceito-as e acato-as, sem ondas. Mas parece-me que, assim, há qualquer coisa que não faz sentido. Ou se tratam todos por você, ou se faz uma diferenciação hierárquica, ou se tratam todos por tu, ou, assim soa-me a salgalhada.

Tal como este post! :D

Não há aqui qualquer tipo de crítica implícita em relação aos tratamentos. São questões culturais, familiares, que respeito. Este (não) critério é que me deixou baralhada.

23 comentários:

Carla Santos Alves disse...

Sabes o que me parece é que muitas vezes não há critério!
É a "caganice" pura de se taratar por você, para serem finos/chiques/vip ou o que seja!
Quando o tratamento é realmente genuino, TODOS se tratam por você.

Enfim!

Bjs

disse...

Pois não faz muito sentido não :S

Flores, igualmente confuso [acho eu], é o casal tratar os filhos por você perto de certas pessoas e trata-los por tu perto de outras. Conheço pessoalmente quem o faça, e não consigo entender.
Já presenciei esta frase "amor~com eles não é preciso tratar as crianças por você, que eles são de casa".
Muito estranho, não?

Rainha disse...

Realmente é muito estranho.Eu foi ensinada a tratar os meus pais e todas as pessoas mais velhas por você. Contudo lá em casa e no relacionamento com a minha filha tratamo-nos todos por tu. Ainda tentei ensiná-la a tratar os avós por vocês mas ela esquecesse com facilidade. Também me parece que algumas pessoas acham mais "fino" tratar os filhos por você. A mim não me impressionam!

Daniela disse...

A mim faz-me imensa confusão...
Lá em casa tratamo-nos por tu; aceito e compreendo que se trate os pais ou as pessoas mais velhas em geral por você... mas mais do que isso soa-me a pindériquisse!
Tenho um casal amigo que trata toda a gente por tu, mas entre eles tratam-se por você, assim como aos filhos.
Soa-me sempre mal, ver que há confiança com os outros (tu) e entre eles é um tratamento ceremonioso. Enfim, manias...

anne disse...

São opções. A mim parecia-me um pouco estranho se o meu filho me tratasse por voce, mas sempre foi assim que tratei os meus pais. já tentei ensinar o miúdo que os avôs e pessoas em geral não deve tratar por tu, mas ele raramente se lembra disso. por enquanto não dou muita importância. Mais um tempo e começo a insistir a sério.

Isso de os pais também tratarem os filhos por você, e os irmãos entre si, sempre me pareceu manias de quem quer "parecer bem". Até pode ser preconceito meu, mas sempre me pareceu ridículo.

Maria disse...

A mim não me baralha -CHOCA-ME!
Não entendo, nem quero entender, podem ser muito boas pessoas, mas para mim, logo á partida não me apetece lidar com eles, entendes?

Flores disse...

ptc

claro q são opções. E não me causa confusão nenhuma.

A estranheza neste caso, e posso estar errada, é a não-diferenciação de estratos, sejam eles sociais, hierárquicos ou etários.

Pai-mãe - tu
Pais-filhos - você, em ambos os sentidos
Irmãos - você

Não há aqui coerência, parece-me. Se tratas os iguais por tu, os miúdos deviam tratar-se por tu. Assim, ñ me parece q estejam a transmitir uma ideia clara sb quem devemos tratar por tu e quem devemos tratar por você.

Márcia Carvalho disse...

sabes, há dias reparei numa coisa lá em casa. O mais velho tratou o maisn novo por "você". Porquê? Eu tenho uma tendencia (pode ser parva, mas tenho) de tratar por você o bebés! "Não faça isso!"; "quer fazer xixi?", "venha cá á mãe". Não me perguntes porquê mas sai-me! Dei conta que o mais velho faz isso ao mais novo com a a mesma intenção. uando assume o papel de "mano mais velho que toma conta do mais novo". Mas, não alimentando salganhadas, tenho feito o esforço por tratar dos dois por "tu" tal como eu e o pai nos tratamos. Já tive mais medo do tratamento por "tu" a terceiros e "desconhecidos". Acho que vai lá pelo nosso exemplo. Depois há outra coisa que a minha mãe me ensinou "você é estrebaria". Custa-me muito ouvir alguém chamar outro de "você": "você isto" ou "você aquilo". Soa-me mal e intepreto sempre como má educação. Diz-se "a mãe quer" ou "o senhor isto" ou o "menino aquilo"!!

Loira disse...

Flores, em relação a pais tratarem-se por tu e tratarem os filhos por vc, penso é geracional... no sentido de serem da mesma idade, quiçá terem se conhecido na faculdade ou num grupo de amigos. Depois tratam os fihos por vc, pq mtas vezes os próprios pais já os tratavam a eles da mesma forma.
Há ainda os que tratam os filhos por vc em ocasiões específicas. Na escola do meu tratam-se os meninos por vc e é ver alguns pais tratá-los da mesma maneira dentro da escola e por tu fora dela. Como se sentissem constrangidos.
Claro que depois há aqueles que nunca tratam os filhos por vc e q de repente começam a tratá-los quase como se se estivessem a exibir. Ainda há uns meses presenciei uma cena dessas. A mãe desata a tratar os meninos por vc e eles que até já eram grandinhos respondiam sempre com o tu, claro, que é assim q estão habituados.
Quanto a mim, não sei qual a melhor forma de tratar. Trato o meu por tu, mas depois custa-me ouvi-lo dizer a adultos desconhecidos sai ou deixa...
beijo

Loira disse...

LOL para o comentário da Márcia. Enqto são bebés eu faço mto a mesma coisa. E tb acho q dizer você é horrível (mas isso é o q tu tb achas).

me disse...

Lá em casa, nós os três sempre tratamos o nosso pai por vc e a nossa mãe por tu! :o))))

Na nossa família, de casa, usam-se smp os tu. A excepção é feita por mim - quando fico danada com eles (não sei porquê, sai-me) digo-lhes "ai que o menino(a) se está aportar mal, venha já aqui"! - mas é mesmo quando estou pôdre da vida! - Ainda tenho cura, não tenho? :o)))

Agora ando a tentar ensinar o mais velho, que as pessoas que não conhecemos/mais velhas se tratam por você! :S

Depois ainda (olhó testamento), tenho amigos (alguns de famílias tradicionais) que se tratam entre si por tu e aos miúdos por vc. Confesso que caso há, que me faz confusão e acho (tenho a certeza) que é mais cagança!

Mas vivemos num país livre, que se lixe!
Bjoquinhas

T disse...

Ando com um post na calhar precisamente sobre isso (aliás, nas desnaturadas até já falei do assunto). Há dois jardins que frequento com alguma assiduidade em que vejo muito isso. Por exemplo, na Estrela vês imensa gente da nossa faixa etária, muitos com amigos e todos com filhos, "tuando-se" uns aos outros e tratando os filhos por vocês. Numa dessas vezes até brinquei com o G. sobre o assunto, pois que de duas uma: já que as pessoas evidentemente não rejeitam o tratamento por tu, que usam com amigos, terão uma relação distante com os filhos, quais Uppers East Sidders tugas? Ou será que é mero fogo de vista (sim , há aquele que em tom de voz alto tratam os filhos por você, mas se a coisa descamba, recuperam o tu)?
Não entendo, palavra que não entendo, porque parece que se cria uma distância com os filhos. E eu não consigo imaginar relação mais visceral, mais próxima do que uma relação com um filho.

T disse...

Ah, outra coisa: a minha mãe sempre me ensinou que usar a palavra "você" é desrespeitoso. Se trato alguém na terceira pessoa, refiro-me a ela pelo nome ou pelo título, dependendo da circunstância. Mas curiosamente aqui em Lisboa, quando vim para cá morar, notei muito isso, de as pessoas usarem a palavra "você". Faz-me confusão, mas aí admito que é mesmo pelo hábito incutido.

Márcia Carvalho disse...

fui ver até para tirar as minhas dúvidas e é assim: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=23436

T disse...

Eu até concordo com a explicação, porque nisto é tudo uma questão de hábito. Como eu sempre me habituei a nunca por nunca usar a palavra "você", faz-me muita confusão ouvi-la...

Flores disse...

Márcia, LOL. O trabalho a q te deste.

ou

Márcia, LOL. O trabalho a q TU te deste.

Eu prefiro a primeira opção. :)

Não gosto do uso da palavra tu, ou você, e evito-a(s).

E, no ciberdúvidas, acabam por levantar a mm questão q eu levantei. A diferenciação hierárquica/etária/social tb a compreendo. Trato os meus avós, pessoas mais velhas, pessoas q não conheço na terceira pessoa do singular sem utilizar necessariamente a palavra você.

Digo, tal como tu (e aqui faz sentido. :)), o senhor diz isto, a avó faz aquilo...

E vou ensinar os putos a fazerem a mm distinção.

Por isso é q me incomoda este tratamento não-diferenciado. Se o critério ñ é bem explicado, os miúdos tb não vão saber utilizá-lo.

Anônimo disse...

olha critérios à parte, esta cena do "você" sempre me fez confusão, eu só trato pessoas que n me são nada por você e pessoas mais velhas, o resto vai tudo tratado abaixo de tu :D

jocas

Tita Dom disse...

Cada burro com a sua mania!:))

SC disse...

Também não uso o tu/você, mas a conjugaçao verbal (?) correspondente. Pais e irmão na 2a pessoa, avós e tios na 3a pessoa do singular.

Mãe da Rita disse...

Estou convosco, a pessoa verbal sem o pronome, quando possível.E faço uma lavagem cerebral aos meus alunos que me tratam por «você» e não percebem como é... Mas acrescentem esta: uns pais (esquisitos)num restaurante; tratavam os filhos por «você», a empregada por «tu»... Giro, né?

M disse...

no meu caso:
- familia materna [de qqr geração], é td corrido ao tu, omisso.

- familia paterna [excluindo pai], de geração acima da minha, ao você, tb omisso.

- qqr pessoa q eu n conheça bem, ainda q seja da mma geração q eu :s, você, omisso.

e, n gt nada de ouvir os pronomes directamente....

bj meu

Cristina disse...

Entre irmãos nunca tinha ouvido. Mas concordo contigo, na coerência.
Eu trato sempre as pessoas que não conheço por você, no aspecto verbal, não por você em vez do nome, título e afim. Ao contrário do N, que corre tudo a tu. Vem da tradição.
E não tem nada a ver com respeito ou educação. E agora, faz-me confusão a Leonor tratar toda a gente por tu...

Cristina

calamity jane disse...

Sempre tratei toda a gente por tu e não me sinto confortável com praticamente ninguém enquanto isso não acontece. Admito que é uma questão cultural e geracional. Em relação ao você, das duas três: ou são brasileiros e nesse caso, nada a dizer ou são armados ao pingarelho (os que tratam os filhos por, excepção feita àquela coisa dos bebés mas que é bom que passe depressa porque a partir de uma certa idade passa a ser armar ao pingarelho) ou são de determinadas zonas do país e aí nada a dizer de novo. E vossemecê? Isso sim, é uma forma de tratamento digna ;-)